Secretariar é fazer acontecer, diz navegador Amyr Klink
Para o velejador e palestrante Amyr Klink, “secretariar é fazer acontecer”. Ou seja, gerir projetos com eficiência não é o objetivo em si, mas uma ferramenta para atingir o objetivo desejado.
Na primeira reunião do “Ciclo de Desenvolvimento do Profissional de Secretariado Executivo”, nesta segunda-feira (21/03) na Amcham-São Paulo, o velejador contou um pouco da sua experiência na gestão de projetos. Klink se alterna entre viagens marítimas para o polo norte, construção de barcos e criação de soluções para portos e marinas.
Veja os principais trechos da entrevista que Almyr Klink concedeu ao site da Amcham:
Amcham: Como o sr. gerencia seus projetos profissionais?
Amyr Klink: Não executo só um projeto. No caso da construção de uma embarcação, entro com o planejamento, depois as partes burocráticas e de desenvolvimento de ferramentas. Também faço a formação da mão-de-obra, uso profissionais do exterior e, mesmo assim, é difícil.
Para mim, dificuldade é um motivador porque no fim não teria paciência de ficar navegando num megaiate no Caribe. Começar um projeto e me envolver nas etapas posteriores é gratificante porque não é só achar uma solução, é preciso formar pessoas para o negócio dar certo.
E o Brasil é um pais interessante por causa disso. Construir um barco aqui necessita de muito mais iniciativa do que em outros lugares, como os EUA e o Canadá. Ao mesmo tempo, é fascinante. Aqui há dificuldades institucionais e culturais muito grandes, e mesmo assim os resultados são muito mais surpreendentes.
No Canadá, já existe expertise para fazer barcos para navegação polar. Aqui não, é tudo difícil. Tudo é desprotegido e está por ser desenvolvido – s desde o mobiliário, a parte eletrônica, hidráulica, pneumática e o processo de solda. É trabalhoso, mas é gratificante.
Amcham: Superar as dificuldades é o que dá a sensação de satisfação pessoal?
Amyr Klink: O prazer é descobrir, pesquisar e fazer acontecer. Essa é a diferença. Faço o ciclo completo. Quando vendo um barco, tenho enorme prazer de ver o projeto e entregá-lo com a chave na mão, com o principal funcionando.
O que dá prazer na minha atividade não é o processo de projetar e planejar, mas a conclusão. Minha alegria não é ir para a Antártica, é ver funcionar um barco que desenvolvi. Chegará nos próximos dias na América do Sul um barco que fiz há 20 anos e continua navegando até hoje para o trânsito na Antártica.
Ele ainda é mais moderno do que qualquer veleiro parado nas marinas dos EUA. Não há um barco tão capaz quanto esse até hoje. Emprestei para um amigo que há quatro anos começou a viajar comigo e nunca tinha velejado na vida.
Amcham: Qual a habilidade mais importante para gerir projetos?
Amyr Klink: O Brasil tem um endeusamento sobre essas teorias de gestão. Muitos apresentam conceitos tão pobres que, seguindo-os, as pessoas acham que terão a solução pronta.
Achei interessante a reunião de hoje porque é para profissionais de secretariado (pessoas que assessoram a direção da empresa). O ato de secretariar é fazer acontecer. Não há receita pronta para isso. Depende de algumas qualidades pessoais, como proatividade, iniciativa, jogo de cintura e saber se comunicar.
Amcham: O sr. poderia falar um pouco de seus projetos futuros?
Amyr Klink: Estou sempre envolvido nesses programas de viagens. No próximo ano, provavelmente farei uma viagem até a passagem noroeste dos EUA e do Canadá, a famosa passagem polar inaugurada por Amundsen [Roald Amundsen, explorador norueguês que atravessou a passagem que liga os oceanos Atlântico e Pacífico] um século atrás. Na área de portos e marinas, também tenho algumas patentes e soluções de que sempre falo aos interessados.
Fonte: Amcham