Leia a entrevista de Amyr Klink para a Revista Bola Preta da Embraco
Navegando com Amyr Klink
Qual a importância de buscar sempre a excelência?
Sempre me preocupei em fazer bem feito. Prezo muito a confiabilidade. Em função do risco envolvido, uma falha no meio do mar, causada por falta de qualidade, custa muito caro.
Assim, busco sempre desenvolver soluções confiáveis. Depois disso, vem a parte de fazer melhor por um custo menor. Ou seja, fazer bem feito e de forma simples.
Ficamos meses nos debruçando em projetos para chegar a uma solução confiável e acessível.
Novas soluções é parte desse processo?
Testar e experimentar
Gostamos de ter um verdadeiro laboratório de materiais. Só testando dá para perceber alguns problemas ou desenvolver novas soluções.
Sempre tem um jeito diferente de fazer. E às vezes é até mais barato, agregando uma função a mais. Esse é um lado interessante do processo que usamos. Não menosprezo o conhecimento acadêmico e teórico, mas a prática mostra que às vezes temos de mudar. Há diversos fatores que interferem em qualquer projeto e por isso procuramos enxergar além do que já foi estudado e do que está descrito pela técnica e teoria. As dificuldades operacionais que percebemos nesse processo de experimentação levam a mudanças no projeto.
Em busca de soluções inovadoras e confiáveis
Nesta edição, Amyr Klink fala sobre o processo de pesquisa, experimentação e testes que utiliza
para encontrar novas soluções. E destaca a importância de trabalhar com pessoas que têm
conhecimentos e experiências diferentes.
Como isso está ligado à inovação?
O processo de tentativa e erro é muito important e na navegação. Muitos avanços são resultado dessa experimentação. Ir até o limite nos testes traz muita informação e aprimoramento.
Em qualquer área, é muito positivo acompanhar as experiências de gente que inova, que ousa, traz benefícios. Da mesma forma, o fato de não termos soluções prontas nos leva a buscar inovações, idéias criativas e fora do convencional.
Nós temos de abrir o foco e encontrar novas respostas. Precisamos superar as limitações com criatividade e às vezes encontramos soluções mais econômicas e melhores.
Então encontrar soluções é um dos desafios envolvidos nas viagens?
O principal desafio não é a viagem em si, mas sim superar restrições de recursos financeiros, materiais e humanos. Há poucos especialistas naquilo que fazemos e optamos por formar pessoas. Esse é um dos nossos desafios.
Não se trata apenas de ir a lugares aonde nunca ninguém foi, mas de desenvolver e levar à frente um projeto. Fazer as pessoas crescerem é um desafio, assim como criar algo novo, ter envolvimento direto, valorizar a equipe.
Falando nisso, qual o segredo para montar uma equipe que funciona bem?
É sempre difícil lidar com gente e, por isso, é preciso saber administrar o conflito. Tenho um modo de agir que envolve propor os problemas, discuti-los, ouvir a opinião de todos. Não descarto nenhuma observação ou crítica.
Gosto de trabalhar com pessoas com saberes diferentes, incluindo gente com pouco estudo, mas que tem conhecimento, uma tradição por trás. Muitas vezes, as idéias mais sofisticadas vêm dessas pessoas, que têm vivência. Não se pode ter uma postura arrogante, achando que sabe tudo. Outro aspecto importante é acompanhar de perto o que cada um está fazendo. Isso faz toda a diferença no desenvolvimento do trabalho. Vendo ao vivo o que está sendo feito, percebemos a necessidade ou a possibilidade de alterações e aprimoramentos.
Como levar a equipe a se encantar com os projetos?
O grande atrativo é o projeto: o risco, o diferente, o inovador. O interessante é que gente que parece não ter nada a ver com o perfil às vezes se encanta com o projeto e se encaixa bem na equipe. É uma questão de índole e de ter características como uma curiosidade interminável e uma postura de questionamento constante.
Fonte: Animala